A Semana Internacional de Vela de Ilhabela adota desde 2016 medidas para conter a poluição dos oceanos, uma bandeira que os principais eventos da modalidade no mundo utilizam. Comandado por Julio Cardoso, o departamento de meio ambiente do Yacht Club de Ilhabela (YCI) busca se aproximar do impacto zero em suas ações, não utilizando mais canudos de plástico e produtos descartáveis, como os copos, em suas dependências.

A competição de vela mais importante da América do Sul reúne mais de mil competidores todos os anos e desde o início do processo de inscrição até o fim das regatas, os velejadores são orientados a preservar o meio ambiente.

As regatas começam em 25 de julho com a Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil e terminam no dia 31. Mas antes da largada, desde a entrada na ilha pela balsa até o processo de inscrição, os organizadores adotarão medidas de preservação ambiental, dando exemplo a todos participantes e comunidade.

''A vela também contribui para a limpeza dos oceanos por não usar combustível em suas provas. E em 2021, a ideia é endurecer ainda mais as ações de preservação ambiental, principalmente com a chegada do coronavírus. Todos os descartes de materiais, como máscaras e luvas, serão feitos em locais apropriados. Os acessos ao YCI serão restritos aos competidores para entrarem em seus barcos apenas'', disse Júlio Cardoso, diretor de meio ambiente do YCI e da Semana Internacional de Vela de Ilhabela. 

Júlio Cardoso se destacou nos últimos anos por registrar a chegada de animais marinho no Canal de São Sebastião. Durante o evento, estão previstas expedições de observação de baleias e golfinhos, para reforçar a conscientização das pessoas sobre a preservação da vida marinha. 

As provas também ocorrem durante o processo migratório das baleias jubartes passando pelo litoral norte rumo à Abrolhos (BA).

Julho sem plástico

A Semana de Vela de Ilhabela tem uma 'veia sustentável' e está no caminho do Impacto Zero. Por isso, os organizadores orientam a equipe técnica, produção, juízes e mídia oficial a levar garrafas de água próprias para não precisar gastar garrafas plásticas.

O evento também está linkado ao movimento batizado #JulhosemPlastico ou Plastic Free July. A iniciativa criada em 2011 vai de encontro aos dados alarmantes das Nações Unidas, que aponta o maior desafio do século XXI é justamente o plástico.

Estudos indicam que são despejados nos mares e oceanos até 13 milhões de toneladas de plástico e menos de 10% produzido no mundo é reciclado. E se o consumo continuar nesse ritmo atual, em 2050 o mar terá mais plástico do que peixes.

''O lixo plástico marinho está em todo o planeta, incluindo ilhas mais remotas! Chegamos em um ponto de tomada de decisão e a nossa atitude individual tornou-se de extrema importância. Vamos começar aqui! Cada um contabilizando quantas garrafinhas plásticas deixou de utilizar, aproveitando o bebedouro e a sua garrafa individual'', disse Andrea Grael, velejadora e ambientalista.

''Como velejadora, achei que devia incentivar a todos que frequentam o mar no sentido de produzirmos menos rastro, e incentivar essa atitude a todos que nos circundam.
As sugestões são uma mínima parte que podemos fazer, mas se todos se engajarem, será grande a diferença!''.

Andrea Grael é esposa do bicampeão olímpico e ganhador da The Ocean Race, Torben Grael. E mãe de Marco Grael, vencedor da SIVI e medalha de ouro pan-americano (49er), e de Martine Grael, ouro na Rio 2016 (49erFx) e única brasileira a correr a Volta ao Mundo.

Outra mudança feita nos últimos anos foi o envio de resultados por meio digital sem a impressão diária, que consumia papel em vários momentos do dia. A entrega de instruções aos velejadores também é virtual.

A bolsa do comandante, prêmio dados aos skippers da SIVI pela North Sails, também será de material reciclável.