Thiago Pereira: Casos de doping na natação servem de alerta para 2016. Cuidado deverá ser redobrado
27.01.2015
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Thiago Pereira
Natação
Como vice-presidente da Comissão de Atletas da Fina, o medalhista olímpico foi convidado pela Folha de São Paulo para comentar os 30 casos de doping nos últimos 15 anos na modalidade
Thiago Pereira, medalhista olímpico e vice-presidente da Comissão de Atletas da FINA, foi convidado pela Folha de São Paulo para comentar as denúncias de casos de doping no Brasil. Segundo o levantamento do jornal, 30 atletas brasileiros da natação - 26 das piscinas e 4 das águas abertas - foram pegos usando algum tipo de substância proibida nos últimos 15 anos. De acordo com comparativo feito com base nos relatórios da FINA, só a China teve mais, com 31 casos. Thiago Pereira lamenta a situação e pede que os atletas do País aumentem redobrem seus cuidados.
"O doping é um problema diretamente relacionado com o esporte e por assim ser é uma preocupação constante de todos as modalidades, em todos os países. Enquanto houver esporte haverá a preocupação com doping e tanto o COB, como a CBDA, vêm trabalhando bastante com os atletas esse tema, não só no que se refere à substância permitidas e proibidas, mas também enfatizando que bons profissionais são fundamentais nessa hora. A Agência Mundial Antidoping - Wada é muito clara ao afirmar que o atleta é responsável por tudo que ingere, então devemos sempre estar cientes de que as escolhas que fizermos irão afetar diretamente nossa vida e ninguém irá dividir o peso ou a culpa com a gente. Para 2016 preocupa, mas os casos e os números servirão de alerta aos outros atletas e com certeza o cuidado irá redobrar".
Veja na íntegra as respostas de Thiago Pereira para o jornal Folha de São Paulo:
Na sua opinião como membro da comissão de atletas da FiNA e do COB, a que se deve tantos casos no país? Desconhecimento dos nadadores, programa insuficiente da CBDA ou outro fator?
As razões para consumo de substâncias proibidas podem ser diversas e os dados não fazem distinção de causa ou justificativa. O mais comum dos casos no esporte é o chamado "doping acidental", que ocorre por ingestão de medicamentos comuns que são consumidos em situações corriqueiras do dia a dia. Ele pode ocorrer por serem medicamentos que não exigem receita médica para serem comprados ou até mesmo pelo atleta se consultar com algum médico que não tenha conhecimento ou não se atualize constantemente sobre a lista de substâncias proibidas (vale lembrar que a lista é alterada anualmente). Um grande exemplo é um famoso analgésico bastante consumido no Brasil conhecido pelo nome comercial de Neosaldina, que por conter em sua fórmula isometepteno, uma substância estimulante, passou a ser proibido.
Além disso muitos atletas utilizam suplementos manipulados em farmácia, que ainda que tenham suas substâncias e concentração estabelecidas respeitando as regras da Wada, podem sofrer um risco de contaminação durante o processo de manipulação e com isso os deixarem suscetíveis à detecção pelo doping.
Claro que alguns casos são intencionais e se justificam na vontade de melhorar a performance e antecipar um resultado que os treinos não estão sendo capaz de fazer o atleta alcançar, mas não acho que esse fator seja o predominante, principalmente no Brasil.
Alguns especialistas vão na contramão e dizem que muitos casos de doping é sinal de que o trabalho de detecção é eficiente. Você concorda com essa afirmação?
O trabalho de detecção com certeza vem se aprimorando cada vez mais e o progresso na medicina tem ajudado bastante, mas acredito que um dos fatores que mais têm influenciado no aumento de casos de doping no esporte seja a evolução no estudo dos efeitos das substancias no ser humano. Ao mesmo tempo, não podemos negar que a mesma medicina que é capaz de atestar que determinada substância é capaz de otimizar a performance de um atleta é também responsável por desenvolver outro suplemento que ainda não seja considerado proibido. O doping e o esporte são uma constante troca de papéis de "vírus e antivírus", em que um tenta antecipar o outro e sair em vantagem.
Que cuidados você toma para não passar por este problema? É muito testado?
Primeiramente já aboli o uso de qualquer medicamento manipulado, acho que não vale o risco. No mais, antes de consumir qualquer suplemento ou medicação eu consulto meu médico, Dr. Gustavo Magliocca, especialista no assunto.
Somos muitos testado, com exames de sangue e de urina, durante e fora de competição. O controle de doping mais conhecido são os testes realizados logo após cada prova, e a entidade responsável pelo exame varia conforme o país e a competição, mas as regras são sempre as da Wada. Além deste, temos também o Programa de Exames Fora de Competição da Federação Internacional de Natação - FINA, que se aplica apenas aos atletas que estiverem entre os 20 melhores na sua prova, como é o meu caso. Para este teste sou obrigado a preencher uma espécie de calendário de monitoramento, em que deve colocar, todos os dias, um local em que seja possível me localizar durante 1 hora para ser testado. Eles não avisam com antecedência nem marcam hora, ou seja, preciso sempre estar pronto.
Thiago Pereira é patrocinado pelos Correios, Speedo e Light. O nadador de 29 anos é natural de Volta Redonda (RJ). É dono de 18 medalhas pan-americanas, sendo 12 de ouro. Em Londres/2012, o atleta conquistou a medalha de prata na prova dos 400 m medley.
O medalhista olímpico também é vice-presidente da Comissão de Atletas da FINA - Federação Internacional de Natação - e integrante da Comissão de Atletas do COB - Comitê Olímpico Brasileiro.
Mais informações sobre Thiago Pereira no site: www.thiagopereira.com.br
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